foto extraída de http://www.diariodopara.com.br/imagensdb/163130paula_oliveira_brasileira_agredida.jpg
A advogada brasileira Paula de Oliveira, que afirma ter sido atacada por três skinheads e sofrido aborto de gêmeos após o espancamento, passou de vítima a acusada. De acordo com a policia suíça a brasileira não estaria grávida quando ocorreu o suposto espancamento. O diretor do Instituto de Medicina Forense da Universidade de Zurique, Walter Bär, afirmou que resultados dos exames feitos na brasileira confirmam que ela não estaria grávida e que os cortes no corpo dela foram superficiais e realizados em locais que poderiam ser alcançados por ela mesma.
O Ministério Público da Suíça investiga a brasileira ,que se condenada pode ser sujeita a penas como tratamento psiquiátrico, multa ou até mesmo prisão de três anos.
A revista suíça “Weltwoche” põe em dúvida a versão de Paula e afirma que a brasileira confessou que tudo não passava de uma farsa. Policiais entrevistados pela revista, levantaram a hipótese de que a Paula poderia estar interessada em ganhar uma indenização do governo no valor de R$ 100 a R$ 200 mil caso ela fosse vítima de ato violento seguido de aborto. As noticias veiculadas tiveram repercussão em outras publicações do país.
Esta não é a primeira vez que brasileiros fora do país vão para a imprensa internacional por serem percebidos como marginais. Basta lembrar o caso do mineiro Jean Charles morto por policias no metrô Londres e musico Guinga agredido por policiais no aeroporto de Madrid.
A imprensa brasileira por sua vez viciada na espetacularização da notícia não agiu de maneira diferente desde o início desse episódio. Toda a mídia, de maneira irresponsável sem a devida apuração, transmite e publica informações do caso, preocupada apenas com o sensacionalismo e com a famigerada audiência. Mais uma vez a emoção, e a solidariedade da população brasileira é manipulada pela imprensa. O Itamaraty e o governo Lula se deixam levar pelas notícias veiculadas e “metem os pés pelas mãos” deixando a cônsul-geral do Brasil em Zurique,Vitória Clever, passar por uma situação constrangedora junto à polícia local.
Para o jornalista Rui Martins do observatório da Imprensa essa é a maior “barriga” da história de nosso jornalismo e vai sempre ser lembrada nos cursos de comunicações. Para nós estudantes de jornalismo “quase prontos” para entrar nesse mercado fica a certeza de que é preciso mais do que o estudo de casos para nos tornarmos capazes de fazermos um jornalismo diferente desse.
Nos mesmos cursos de comunicação, também somos lembrados que a questão não é só o sensacionalismo e a falta de profissionalismo. A precipitação é reflexo do mundo atual, cheio de pressa, tudo em tempo real, não sobrando espaço pra pensar, avaliar e discutir. Nas redações desse novo jornalismo não dá para parar e investigar, senão a notícia fica velha. E pior, com a concorrência acirrada a decisão de não publicar é vista como um luxo.
Mas vale lembrar que essa opção continua existindo mesmo que não praticada. Basta lembrar a postura adotada por um determinado veículo no caso da Escola Base em São Paulo. É uma questão de foro íntimo. Episódios como esses não vão faltar na nossa caminhada profissional. O que vai pesar na balança é o conjunto de valores intrínsecos do profissional de jornalismo. Enquanto isso vamos torcendo para termos a sorte de fazer parte de uma equipe com algum profissional dessa estirpe. Pode ser o “último dos moicanos” mas quem sabe a gente vem para não deixar que ele seja o último.
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